A ideia do blog é aparentemente simples, simples como aquele gol adjetivado de "até minha vó fazia": compartilhar livros, crônicas/contos/poesias, outros blogs, citações, entrevistas e afins relacionados à 'literatura futebolística'; e se possível, poder compartilhar textos escritos, leia-se vividos, por mim mesmo.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Show do Intervalo
Mesmo com duas postagens "na marca da cal", a correria de fim de ano/semestre não me deixa concluí-las. Além de outras prioridades, os textos ainda sentem falta de alguma coisa, aquele úlimo passe, que logo será dado.
Nesse meio tempo, hoje pra ser mais preciso, a Gabriela Bomfim aka Gabiz [no twitter @_LavaGirl] indicou o blog Futebol é Literatura capitaneado por Fabrício Carpinejar e Mário Corso. Em uma leitura dinâmica, é mais que notório o montante de informação sobre o Internacional de Porto Alegre, mais pontual impossível vide o Mundial de Clubes/Mazembe, além claro de outros assuntos que certamente mereceriam a leitura completa do blog para uma maior exposição. O que me faz postar sobre o blog sem a leitura "devida" é uma frase "de placa" no texto Nossas Paixões Pelas Chuteiras. O texto por si só é uma pintura, mas a parte: "Todo homem é um jogador profissional fracassado ou filho de um jogador frustrado ou neto de um quase jogador. O futebol veste os pés como um mal de família, um legado genético" é simplesmente fabulosa pela verdade indiscutível que há em cada palavra. Sem mais.
Ainda na leitura dinâmica, consegui ler A Falta Que Faz Um Louco de 18/04/2010. A primeira impressão que o título me passou foi do louco caregador de piano, o volante brucutu usado para segurar o jogo. Mas no decorrer da leitura, vi que o louco citado era muito mais insano: "Não é um desequilibrado, e sim o desequilibrador. Um terrorista do goleiro, que transforma os cadarços em argola de granada; um militante da atmosfera do jogo, em transe com pequena área". Como fazem falta tais loucos. E como vão fazer falta os jogos nesse período de mercado da bola e pré-temporada. Que voltem sem demora.
Certamente o blog citado será novamente comentado aqui, com o devido valor que merece.
domingo, 26 de setembro de 2010
Acidente de trabalho
Eu desconfio seriamente de alguém que se diz praticante do futebol, arte ou não, que nunca tenha tido algum contratempo. Entenda contratempo como: algum roxo, alguma luxação/torção, rompimento/quebramento de ligamentos e ossos. Ossos do ofício que não consideram se o ser está inerte, no ócio, ou em movimento contínuo: todos vão se machucar em algum momento. Levando em conta toda essa gama de possibilidades para a autoflagelação, o que me intriga é o masoquismo que faz com que, logo após um machucado/encontrão, se volte ao campo para jogar como se nada tivesse acontecido. E sendo bem simples e direto, sou uma grande prova disso. Segue um breve relato de alguns desses acidentes.
Na 6ª série, fui derrubado por um colega (goleiro desprovido de keeper skills) e bati com a boca no suporte da trave perdendo três dentes, que logo foram reimplantados. O mais curioso é que desse dia eu consigo me lembrar com muito mais clareza dos momentos que antecederam o acidente do que o próprio. Lembro de no dia anterior pegar a bola emprestada com o Tuca, colocar na mochila, fazer a prova de Português correndo pra jogar bola e depois... Um branco. Deve ser um quê de memória seletiva: só fica o que importa. Ao chegar em casa com os dentes cheio de resina, o primeiro conjunto de ações foi ir ao quintal, tirar a bola da mochila e rolá-la carinhosamente pra parede pensando: [já que não conseguia falar] “Caralho, joguei muito hoje.”
Sabe quando o narrador fala algo como “fulano mandou um tijolo/coco/rojão no peito do companheiro que foi impossível dominar”? Foi mais ou menos assim que aconteceu comigo. As diferenças são apenas duas, mas significativas: O rojão era de verdade e eu dominei “sem deixar cair”. Estava eu em BH fazendo testes para o América e Cruzeiro quando, após o almoço, começa uma queima de fogos. Eu estava na frente do restaurante resenhando com alguns amigos quando escuto não tão longe de mim aquele barulho “fumaçado” de um busca-pé. Assim que viro pra ver ... BUM! O rojão, de verdade, acertou o lado direito do meu peito. Desacordei, mas rodeado por alguns amigos fui acordado e incentivado a ficar tranquilo. Levado ao hospital, eu só pensava que não poderia continuar a semana de testes. “E logo hoje que tinha treinado tão bem contra o América”, pensei. O cheiro de fumaça no corpo era insuportável, mas além de não poder continuar os testes e da nova cicatriz, outro pensamento me assolava: a camisa do Cruzeiro novinha que tinha comprado tinha agora um buraco no lado direito e um cheiro de teste perdido. O bom é que depois desse dia eu nunca mais tive medo de dominar bola alguma no peito.
O terceiro e mais recente acidente aconteceu já na Universidade. Assim que entrei, como calouro de Relações Internacionais, fiquei sabendo da seleção para o time da UCB e não pensei duas vezes em participar. Assim como não pensei duas vezes em desistir do curso com seus métodos quantitativos/qualitativos, gráficos do IPEA e afins. Passei na seleção. E assim que começou o campeonato, tive que sair do time, pois não era mais aluno. O curioso é que no fim do campeonato, recebi uma ligação do treinador chamando para bater um rachão. Fominha que sou fui jogar o bendito. E tudo ia muito bem até que num lance super bobo, sozinho, rompi o ligamento cruzado anterior do joelho direito. O lado “positivo” é que, mesmo com o ligamento rompido, eu jogava futebol. Caí muito nesse tempo, mas também melhorei consideravelmente meu chute com a esquerda. Até aprendi a dar elástico com a perna sinistra!
Existem alguns outros acidentes, mas acho que três estão de bom tamanho. O fato é que ainda me intriga essa força motriz, que após tantos percalços faz com que continuemos a jogar/machucar uns aos outros. Não sei se é assim com vocês, mas quando estou no campo, não penso em mais nada além dos limites das quatro linhas.
Então deixa assim, no subconsciente. O ortopedista/médico/DM mais próximo nos aguarda.
sábado, 10 de julho de 2010
Visão de Jogo
O Nosso Futebol, a reunião de crônicas escritas por Fernando Calazans, fez ressurgir um pensamento ou fato que é presenciado a cada pós-jogo: as diferentes, ou não, visões de jogo que cada um possui diante de uma mesma partida. Antes de adentrar esse assunto, é importante frisar que as Copas abordadas no livro, 90 e 94, são as mesmas Copas que acompanhei [eu acho], o que pode facilitar ou não este ''diálogo''.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Futebol e Romance
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Começou!
É praticamente impossível, para aqueles que já tiveram alguma relação com as ditas escolinhas de futebol, os times de rua e interclasse, as duplas/trios nos campeonatos de golzinho e todas as variantes de competições futebolísticas, não se ver na pele de Flávio, ou de seu pequeno amigo cubano que mesmo com um furacão foi jogar o "contra". Impossível não achar ou pensar em alguém parecido com o técnico Fausto: ex-jogador cheio de histórias [soa até redundante], que resolveu montar uma escolinha e que tinha alguma qualidade inconfundível, no caso do Fausto, o chute potente que teria até matado certo zagueiro.
Entre as várias histórias eu destaco:
Imagine ir ao cinema e escolher assistir, por exemplo, o filme O Sexto Sentido. Você lê a sinopse, se interessa, mas logo abaixo vem escrito "O personagem de Bruce Willis está morto a partir do minuto tal". A crônica Canal 100, onde somente a "insânia, insânia e só insânia" parecia ter vez retrata o cenário onde jogos já realizados eram retransmitidos em um cinema, mas a vibração por parte dos espectadores que já sabiam os resultados, era como se o jogo acontecesse no exato momento da transmissão.
O maior campeonato do mundo confirma algo que estudantes do curso de Letras que são amantes e praticantes do futebol sofrem a cada semestre: a dificuldade de se montar um time de futebol para a disputa de qualquer que seja a competição. Devido a esse percalço, um campeonato de golzinho de duplas com a duração de uma década tem seu início, sendo apresentando a cada fim de partida um detalhamento digno de um poet laeureate.
Quantos botafoguenses vocês conhecem que não são filhos de botafoguenses? É uma pergunta que sempre eu me faço quando o Botafogo perde um jogo, e sem exageros, isso é algo não tão incomum de uns tempos pra cá. Estrela solitária é uma crônica que já começa no fim da crônica anterior, chamada Torcedores. "Torcedor do Botafogo merece uma crônica à parte", e assim acontece quando fatos que só acontecem com o Botafogo e seus românticos torcedores são listados. É sempre o Fogão que troca de camisa quando o adversário tem uma igual, é torcedor que planta bananeira vendo o jogo entre tantas outras manias. Por fim, um conselho para aqueles que se aventuram na escrita e ainda não torcem por um time: "seja botafoguense e não lhe faltará inspiração."
Por fim, eu destaco a tríade: O Narrador, Os Personagens e O Enredo. Apesar de ser um estudante de Letras eu evito me enveredar pelos caminhos da literatura, e chego até dizer que tenho aversão a clássicos literários. Mas o fato é, que até então eu nunca havia percebido a clarividente relação entre a partida de futebol e as três palavras que dão nome às crônicas.
Jogo de futebol sem narrador? Até jogando futebol no vídeo-game um ou outro se aventura a narrar. E quem for flamenguista como eu sabe que aquele gol do Pet na final do Carioca aos 43 minutos não seria o mesmo sem a narração homérica do Luís Penido, claro, com a pedra de toque do Apolinho dizendo: "E acaba de chegar na Gávea São Judas Tadeu".
Os personagens, bem, a relação é auto-explicativa. Quanto ao enredo, eu só posso concluir que não há urgente necessidade de se inventar histórias sobre o futebol. Não é tão importante assim pensar em ficção-futebolística, pois a própria realidade do esporte já nos alimenta com narradores, personagens-jogadores-técnicos-gandulas-torcedores-cartolas-gramados-estádios de maneira infinita, e o enredo vai se construindo a cada rodada. Mas ao mesmo tempo, se privar dessa possível invenção de fatos dentro e fora das quatro linhas seria um desperdício.
Eu sou suspeito pra falar de qualquer coisa relacionada a futebol, mas a coletânea de crônicas é ímpar, assim como qualquer partida.