sábado, 13 de fevereiro de 2010

Começou!


A ideia de criar o blog surgiu com a leitura das crônicas agrupadas no livro Passe de Letra, escrito por Flávio Carneiro, livro que desde já recomendo para os amantes ou não de futebol. Segundo a própria introdução do livro, chamada pelo autor de "Aquecimento", o conjunto de folhas impressas e unidas trata de juntar duas paixões: futebol e literatura, humilde assim.

É praticamente impossível, para aqueles que já tiveram alguma relação com as ditas escolinhas de futebol, os times de rua e interclasse, as duplas/trios nos campeonatos de golzinho e todas as variantes de competições futebolísticas, não se ver na pele de Flávio, ou de seu pequeno amigo cubano que mesmo com um furacão foi jogar o "contra". Impossível não achar ou pensar em alguém parecido com o técnico Fausto: ex-jogador cheio de histórias [soa até redundante], que resolveu montar uma escolinha e que tinha alguma qualidade inconfundível, no caso do Fausto, o chute potente que teria até matado certo zagueiro.

Entre as várias histórias eu destaco:

Imagine ir ao cinema e escolher assistir, por exemplo, o filme O Sexto Sentido. Você lê a sinopse, se interessa, mas logo abaixo vem escrito "O personagem de Bruce Willis está morto a partir do minuto tal". A crônica Canal 100, onde somente a "insânia, insânia e só insânia" parecia ter vez retrata o cenário onde jogos já realizados eram retransmitidos em um cinema, mas a vibração por parte dos espectadores que já sabiam os resultados, era como se o jogo acontecesse no exato momento da transmissão.

O maior campeonato do mundo confirma algo que estudantes do curso de Letras que são amantes e praticantes do futebol sofrem a cada semestre: a dificuldade de se montar um time de futebol para a disputa de qualquer que seja a competição. Devido a esse percalço, um campeonato de golzinho de duplas com a duração de uma década tem seu início, sendo apresentando a cada fim de partida um detalhamento digno de um poet laeureate.

Quantos botafoguenses vocês conhecem que não são filhos de botafoguenses? É uma pergunta que sempre eu me faço quando o Botafogo perde um jogo, e sem exageros, isso é algo não tão incomum de uns tempos pra cá. Estrela solitária é uma crônica que já começa no fim da crônica anterior, chamada Torcedores. "Torcedor do Botafogo merece uma crônica à parte", e assim acontece quando fatos que só acontecem com o Botafogo e seus românticos torcedores são listados. É sempre o Fogão que troca de camisa quando o adversário tem uma igual, é torcedor que planta bananeira vendo o jogo entre tantas outras manias. Por fim, um conselho para aqueles que se aventuram na escrita e ainda não torcem por um time: "seja botafoguense e não lhe faltará inspiração."

Por fim, eu destaco a tríade: O Narrador, Os Personagens e O Enredo. Apesar de ser um estudante de Letras eu evito me enveredar pelos caminhos da literatura, e chego até dizer que tenho aversão a clássicos literários. Mas o fato é, que até então eu nunca havia percebido a clarividente relação entre a partida de futebol e as três palavras que dão nome às crônicas.

Jogo de futebol sem narrador? Até jogando futebol no vídeo-game um ou outro se aventura a narrar. E quem for flamenguista como eu sabe que aquele gol do Pet na final do Carioca aos 43 minutos não seria o mesmo sem a narração homérica do Luís Penido, claro, com a pedra de toque do Apolinho dizendo: "E acaba de chegar na Gávea São Judas Tadeu".

Os personagens, bem, a relação é auto-explicativa. Quanto ao enredo, eu só posso concluir que não há urgente necessidade de se inventar histórias sobre o futebol. Não é tão importante assim pensar em ficção-futebolística, pois a própria realidade do esporte já nos alimenta com narradores, personagens-jogadores-técnicos-gandulas-torcedores-cartolas-gramados-estádios de maneira infinita, e o enredo vai se construindo a cada rodada. Mas ao mesmo tempo, se privar dessa possível invenção de fatos dentro e fora das quatro linhas seria um desperdício.

Eu sou suspeito pra falar de qualquer coisa relacionada a futebol, mas a coletânea de crônicas é ímpar, assim como qualquer partida.

3 comentários:

  1. Um link pra uma interessante resenha sobre o livro Passe de Letra, escrita pelo Jornalista e Mestre em Letras Elieser Cesar.

    http://eliesercesar.wordpress.com/2009/04/28/gol-de-letra/

    ResponderExcluir
  2. Max,

    Muito obrigado pelo comentário... :)

    Espero que goste das futuras postagens.

    Abraço.

    ResponderExcluir