terça-feira, 19 de abril de 2011

Friedenreich/Neymar


Quase que religiosamente acompanhei os jogos do Brasil no Sul-Americano Sub-20. Neymar, Lucas e cia deram show na grande maioria dos jogos.  Não tão fielmente acompanhei a seleção Sub-17 que tentou repetir as atuações de seus compatriotas 2-3 anos mais velhos com Adryan e Lucas Piazon. Mesmo com o título, fico com a impressão que faltou muita coisa na Sub-17, menos raça. A temática raça é só uma fugidinha do tema a seguir, mas é fato que a seleção parece se transmutar quando é representada por pós-debutantes ou aqueles prestes a completar duas décadas de vida, e isso parece se perder conforme mais primaveras se completam. Sinto falta desse espírito, santo ou não, nos jogadores da principal.

V(oltando)endo dois Sul-Americanos em tão pouco tempo, além da proximidade da Copa América – 72-73 dias para o início – me fez lembrar da leitura do livro Sul-Americano de 1919 - Quando o Brasil descobriu o futebol escrito por Roberto Sander. Leitura agradável com riquíssimas contextualizações, além de fotos belíssimas retratando um período mágico, quase um kick-off histórico que, juntamente com tantos outros, transformariam o football na paixão de milhões.

A primeira frase da introdução do livro já faz cair por terra a visão que tinha nos meus 6-7 anos de idade: que no descobrimento do Brasil, índios foram vistos jogando futebol com frutas de forma esférica no litoral. Grande imaginação a minha, pois muitas são as obras que relatam "certa" dificuldade de popularização do esporte, no âmbito em que ele fosse jogado por membros das classes inferiores. A frase em questão diz que "há noventa anos, o Brasil era tão mais injusto que era negado ao seu povo até o direito de jogar futebol, de se divertir com o futebol." Não consigo imaginar o povo sem esse direito assegurado na CF, pois se bem lembro, no Art. 5º temos alguma coisa relacionada com a livre prática do esporte bretão, independente de sexo, crença, convicção filosófica ou política.

É simplesmente fabuloso poder ver página após página o Brasil virando Brasil. Mesmo com uma oposição de peso com Graciliano Ramos e Lima Barreto, o futebol era cada vez mais popular. O povo outrora separado por inúmeras diferenças, agora se abraçava, chorava, aplaudia e xingava sem distinção no aperto do Estádio das Laranjeiras - o maior da América Latina na época. O livro segue com um capítulo sobre Friedenreich, talvez um dos primeiros grandes astros do futebol nacional que pode ter marcado 1.329 gols, segundo arquivos da CDB, marca essa que superaria o atleta do século.

A cada partida, a cidade mais vibrante ficava. A cada partida, mais notório ficavam os jogadores e suas atitudes dentro e fora de campo. A cada partida, o Brasil mais se auto-conhecia.


Segue pelos capítulos a descrição da campanha brasileira até a final épica contra o Uruguai. O frenesi na frente das redações dos jornais que atualizavam o placar a cada contato via telefone com seus correspondentes é uma situação que imagino com certa empatia e que gostaria muito de poder ver alguma filmagem. Será?

Friedenreich, Ronaldos... Quem será o próximo a despontar? Por fim, meu/minha Sul-americano/Copa  América 
memorável é o/a de 2004 com cera de Carlitos e Imperador empatando no fim do jogo que Galvão já havia entregado os pontos. Penais e título tupiniquim! 

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